A graduação demonstrou para mim o quanto é importante um cientista dominar um pouco linguagem de programação; agora, na pós-graduação, isto tem ficado cada vez mais claro, de modo que tenho percebido o quanto a programação é útil para quase tudo, até mesmo para uma caneca.
Deixe-me explicar melhor. Lógica de programação é nada menos que uma maneira de explicarmos para
um computador o que nós queremos que ele faça. Um certo ditado popular nos diz que “para um bom entendendor, meia palavra é suficiente”, mas isto, com certeza, não se aplica para computadores por um motivo muito simples: computadores não são bons entendedores! Isto significa que se quisermos que nosso computador execute determinado comando devemos ser bem específicos, do contrário ele nunca entenderá o que estamos lhe informando.
Nesta altura vocês devem estar se perguntando o que programação tem a ver com uma caneca, e a minha resposta é simples: tudo. Recentemente, alguns colegas do Laboratório de Biologia Integrativa, aqui da UFAL, decidiram encomendar canecas para cada um, onde o rótulo teria o logotipo do laboratório e o nome da pessoa. Como eu também faço parte da equipe, decidi encomendar uma caneca para mim, e deixei uma instrução simples para a pessoa responsável pela personalização das canecas, de que o meu nome é Arthur com ‘h’. Vejam só o resultado:
Os algoritmos possibilitam que um computador execute suas funções: um algoritmo é uma sequência de passos que informam uma determinada tarefa para o computador; sendo assim, quanto mais claro, melhor será o algoritmo, do contrário nossa máquina ou executará uma função errada, ou não conseguirá fazer nada. No exemplo da caneca, digamos que o algoritmo fosse a minha instrução sobre a escrita do meu nome: se o meu algoritmo tivesse sido mais claro, eu teria dito que o meu nome é Arthur com ‘th’, o que, com certeza, teria evitado qualquer dicotomia.
Está bem, programação, computadores e canecas podem ter tudo a ver, mas como tudo isso se relaciona com a vida de um cientista? Bom, todos nós sabemos muito bem que um cientista é um profissional muito inquieto, que vive com uma pulga atrás da orelha, pois ele sempre está questionando as coisas e buscando respostas para tudo. Para tentar responder as próprias perguntas, os cientistas fazem observações da natureza, e normalmente registram essas observações para analisá-las com calma depois. E é aí que entender linguagem de programação entra na história.
Assim como saber inglês é muito importante (tanto para o cientista quanto para todos, de modo geral), conhecer o básico de programação é essencial para que o pesquisador seja capaz de analisar com autonomia seus próprios dados. E existem muitas linguagens bacanas que valem a pena serem exploradas, como R e Python, e sobre as quais podemos falar em outro momento. Conhecê-las, assim como conhecer princípios de estatística, nos possibilita ter uma visão mais crítica em relação aos nossos próprios dados, e, consequentemente, aumentará as chances de obtermos resultados confiáveis.
Além disso, entender um pouco de programação também possibilita ao cientista reproduzir os detalhes técnicos da metodologia realizada em outro trabalho, o que favorece e tanto a comunicação dentro do meio científico. Mas é claro que é muito importante sermos sempre bem claros para o computador, para que não aconteça como no exemplo da caneca.